18 de março de 2010

O Diretor Teatral ou O Encenador

Após falarmos sobre os primieros passos e sobre a profissionalização do ator
O Ator - Parte I - Primeiros Passos
O Ator - Parte II - Profissionalização e Estudos
vamos falar sobre os outros profissionais do teatro e suas funções.

Vamos iniciar falando do Diretor, porque é nesta figura que se centram todas as outras atividades. 

O diretor é o HOMEM DAS ESCOLHAS

A escolha do texto pode ser individual do diretor ou em conjunto com os atores. A partir daí o diretor será, como se diz, o "dono" do espetáculo. Não porque ele vai mandar em tudo ou porque ele é o mais importante, mas porque ele guiará o trabalho de todos os outros envolvidos.

É dele a concepção do espetáculo, tudo o que vai para a cena é de responsabilidade dele.

O diretor é quem vai direcionar o olhar do espectador para este ou aquele ponto. A mesma peça pode trazer diferentes significados para o público dependendo das escolhas do diretor. E todas elas devem ser conscientes, devem ter um motivo claro e lógico e estar em harmonia com o todo do espetáculo. Fazer deste ou daquele modo não significa "eu gosto assim" ou "assado", mas "esta maneira é mais cabível por isso, isso e isso."

Escolhidos os caminhos a percorrer, a idéia central (que irá basear todas as suas decisões) e a melhor forma de trabalhar, ele começa a situar todos os outros envolvidos, aceitando ou recusando o que eles lhe trazem, lapidando o que lhe é apresentado.

Iluminador, cenógrafo, figurinista, sonoplasta, maquiador e todos os outros prestam contas ao diretor, trabalham em conjunto com ele e é ele que dirige seus olhares e suas ferramentas para que o espetáculo como um todo fale apenas uma língua, afim de que a "mensagem" chegue clara ao espectador.

O mesmo ocorre com os atores, sendo o diretor o olhar de fora, a quem cabe ainda retirar os excessos e exigir o mínimo, ajustando a interpretação.

Mas atenção: o diretor não realiza a função dos outros artistas, ele apenas indica o CAMINHO que devem seguir. O MODO quem determina é o próprio artista, tenha ele a função que tiver: ator, iluminador, cenógrafo, figurinista, sonoplasta, maquiador etc.

15 de março de 2010

O Ator - Parte II - Estudos e Profissionalização

Continuando o assunto do post anterior,

O Ator - Parte I - Primeiros Passos

Vamos agora falar dos estudos e da profissionalização do ator (pensando sempre da definição que demos no post citado acima).

Quando alguém toma a decisão de viver de arte num país como o Brasil, enfrenta muitas dificuldades; a primeira delas é a aceitação dos pais. Muitos acabam por proibir os filhos de fazerem teatro. Outros, menos radicais, tentam apenas convencê-los e, não conseguindo, se conformam com esta escolha. A aceitação real é muito difícil, pois todos sabemos, mesmo inconscientemente, os obstáculos a serem enfrentados.

Passado este primeiro impecílio, há basicamente três caminhos a se percorrer rumo a esta idéia:
  • Curso Superior
  • Curso Técnico ou
  • A Cara e a Coragem
Curso Superior: tem um reconhecimento maior pela sociedade, mas muitas vezes não satisfaz as espectativas dos estudantes, pois não os prepara para o mercado de trabalho. Foca-se muito a teoria e uma prática "teórica", mas o aluno não se depara com situações que ele enfrentará no mercado de trabalho como prazos, estilos de trabalho e de direção diferenciados, o lado buracrático e financeiro, entre outras.

Curso Técnico: tem um reconhecimento um pouco menor pela sociedade, pois sempre há a cobrança do nível superior, mas isso começa a mudar hoje em dia. O aluno tem um pouco mais de contato com as situações a serem enfrentadas no mercado de trabalho, mas ainda é apenas um esboço.

A Cara e a Coragem: o ator geralmente vai para um grande centro (São Paulo, Rio etc) e participa de muitos testes até que consegue um papel em algum espetáculo ou algum contrato em algum evento e trabalhos do tipo. Muitas vezes ele consegue vários trabalhos, conseguindo de fato sobreviver de sua arte, entretanto, mais cedo ou mais tarde ele sentirá falta de estudos teóricos e mesmo práticos com os quais ele não teve contato. A profissão exige dele esses conhecimentos.


Então agora deve ter surgido a dúvida: QUAL O MELHOR CAMINHO A PERCORRER?

Uma mescla deles. Um curso, seja ele superior (que te dá um diploma e o tão sonhado D.R.T.) ou técnico (com vivências teatrais difenciadas e uma liberdade maior na grade curricular) e a coragem de CONSTRUIR AS OPORTUNIDADES.
Durante o curso que você esteja fazendo, tenha contato com atores que já vivem desta profissão, converse com eles, saiba as dificuldades que eles enfrentam e identifique no seu curso as falhas com relação a isso (nenhum curso é perfeito e nem consegue preparar totalmente o ator). Identificados os problemas da sua formação, vá, ainda durante os estudos, buscando outras fontes para suprir estas falhas. Quem faz a sua formação é você.
Depois de formado (e mesmo antes) dê as caras e faça suas oportunidades aparecerem. A OPORTUNIDADE é filha de BONS CONTATOS, e todos os contatos são bons, pois cada um te leva a um determinado lugar. Fale com as pessoas e escute-as; mostre quem você é, mas deixe que ela se mostre a você também; seja sempre agradável e jamais desrespeite uma pessoa, seja ela quem for, pois EDUCAÇÃO e RESPEITO é quesito básico para ser HUMANO.
E lembre-se: você pode criar as suas oportunidades tanto em grandes centros quanto em cidades pequenas e que sequer conhecem esta arte. Há espaço para todos e em todos os lugares. Você deve mostrar o seu valor e o que te faz diferente dos outros.

E O D.R.T.*?

Ter ou não o D.R.T. não te faz mais ou menos ator e nem te coloca na posição de profissional, pois muitos atores com DRT vivem de outras atividades e muitos atores sem ele fazem da sua arte a sua profissão.
O DRT serve, praticamente falando, para te abrir as portas. Muitas vezes, para se candidatar a uma vaga em qualquer projeto, há a exigência do DRT, mas não significa que o fato de tê-lo garantirá a sua contratação. É apenas um quesito básico, mas o que será avaliado será o seu trabalho, adequação ao perfil procurado e etc.

Para finalizar o nosso post de hoje fica a reflexão:

As OPORTUNIDADES não aparecem, elas são CULTIVADAS.

Para os próximos posts falaremos dos elementos que compõem o teatro, como iluminação, cenografia, texto, direção, atuação e etc.



*É o resgistro profissional na Delegacia Regional do Trabalho. Há o DRT para várias funções, entre elas a de ator. É o que te torna (aos olhos do governo) um profissional de determinada área, no caso aqui, um ator profissional.

9 de março de 2010

O Ator - Parte I - Primeiros Passos

A EncantaVentos posta a partir de agora textos com algumas observações, idéias e conceitos pessoais de seus produtores a respeito do ator, os caminhos que ele percorre durante sua carreira, a teoria e a prática teatral  e a tudo que se liga a esse assunto de uma maneira ou de outra:

PRIMEIROS PASSOS NO TEATRO

Quando alguém decide ser ator (ou atriz), não sabe muito bem que caminho percorrer. Geralmente descobre o teatro de sua cidade, vai assistir alguns espetáculos, conhece o grupo local (ou grupos locais), se enturma e vai ensaiar aos fins de semana com a "galera".

Metade das pessoas desiste no primeiro mês de ensaios porque elas achavam que em uma semana estariam na Malhação beijando uma gatinha (gatinho) e distribuindo autógrafos por onde passasse.

A metade que sobrou, segue com os ensaios, mas sem saber sequer o que tem que fazer "em cena", totalmente insegura, mas ainda assim dando o seu melhor.

Ah, sim. Claro que tem as exceções, aqueles que chegam sempre atrasados ou faltam, não estudam o texto, ficam conversando durante o ensaio e tudo mais; mas esses normalmente não duram muito tempo, porque aqueles que se dedicam acabam cobrando demais deles e eles desistem.

E uma parte dos que restaram, daqueles que se dedicam, não se acomoda com a idéia de fazer teatro aos fins de semana, decide estudar, se aperfeiçoar e tornar o hobby seu ofício. Se tornar um "PROFISSIONAL".

*  Os termos "profissional" e "amador" podem ter vários significados, mas, nestes posts, vamos entendê-los da seguinte forma:

Amador: Aquele que faz teatro pelo prazer e pelo amor. Não espera retorno financeiro, pelo contrário, normalmente acaba investindo seus próprios recursos para que possa praticar sua paixão. Tem, geralmente, alguma outra ocupação profissional, o seu "ganha-pão" é outro.

Profissional: Aquele que faz teatro com o intuito de se manter financeiramente com o retorno que este lhe dá. A arte teatral é a sua profissão. Geralmente tem uma jornada de várias horas semanais, isto é, o seu "ganha-pão" é este.
(Independente de DRT)

No próximo post falaremos a respeito dos caminhos para esta profissionalização.