Continuando o assunto do post anterior,
O Ator - Parte I - Primeiros Passos
Vamos agora falar dos estudos e da profissionalização do ator (pensando sempre da definição que demos no post citado acima).
Quando alguém toma a decisão de viver de arte num país como o Brasil, enfrenta muitas dificuldades; a primeira delas é a aceitação dos pais. Muitos acabam por proibir os filhos de fazerem teatro. Outros, menos radicais, tentam apenas convencê-los e, não conseguindo, se conformam com esta escolha. A aceitação real é muito difícil, pois todos sabemos, mesmo inconscientemente, os obstáculos a serem enfrentados.
Passado este primeiro impecílio, há basicamente três caminhos a se percorrer rumo a esta idéia:
- Curso Superior
- Curso Técnico ou
- A Cara e a Coragem
Curso Superior: tem um reconhecimento maior pela sociedade, mas muitas vezes não satisfaz as espectativas dos estudantes, pois não os prepara para o mercado de trabalho. Foca-se muito a teoria e uma prática "teórica", mas o aluno não se depara com situações que ele enfrentará no mercado de trabalho como prazos, estilos de trabalho e de direção diferenciados, o lado buracrático e financeiro, entre outras.
Curso Técnico: tem um reconhecimento um pouco menor pela sociedade, pois sempre há a cobrança do nível superior, mas isso começa a mudar hoje em dia. O aluno tem um pouco mais de contato com as situações a serem enfrentadas no mercado de trabalho, mas ainda é apenas um esboço.
A Cara e a Coragem: o ator geralmente vai para um grande centro (São Paulo, Rio etc) e participa de muitos testes até que consegue um papel em algum espetáculo ou algum contrato em algum evento e trabalhos do tipo. Muitas vezes ele consegue vários trabalhos, conseguindo de fato sobreviver de sua arte, entretanto, mais cedo ou mais tarde ele sentirá falta de estudos teóricos e mesmo práticos com os quais ele não teve contato. A profissão exige dele esses conhecimentos.
Então agora deve ter surgido a dúvida: QUAL O MELHOR CAMINHO A PERCORRER?
Uma mescla deles. Um curso, seja ele superior (que te dá um diploma e o tão sonhado D.R.T.) ou técnico (com vivências teatrais difenciadas e uma liberdade maior na grade curricular) e a coragem de CONSTRUIR AS OPORTUNIDADES.
Durante o curso que você esteja fazendo, tenha contato com atores que já vivem desta profissão, converse com eles, saiba as dificuldades que eles enfrentam e identifique no seu curso as falhas com relação a isso (nenhum curso é perfeito e nem consegue preparar totalmente o ator). Identificados os problemas da sua formação, vá, ainda durante os estudos, buscando outras fontes para suprir estas falhas. Quem faz a sua formação é você.
Depois de formado (e mesmo antes) dê as caras e faça suas oportunidades aparecerem. A OPORTUNIDADE é filha de BONS CONTATOS, e todos os contatos são bons, pois cada um te leva a um determinado lugar. Fale com as pessoas e escute-as; mostre quem você é, mas deixe que ela se mostre a você também; seja sempre agradável e jamais desrespeite uma pessoa, seja ela quem for, pois EDUCAÇÃO e RESPEITO é quesito básico para ser HUMANO.
E lembre-se: você pode criar as suas oportunidades tanto em grandes centros quanto em cidades pequenas e que sequer conhecem esta arte. Há espaço para todos e em todos os lugares. Você deve mostrar o seu valor e o que te faz diferente dos outros.
E O D.R.T.*?
Ter ou não o D.R.T. não te faz mais ou menos ator e nem te coloca na posição de profissional, pois muitos atores com DRT vivem de outras atividades e muitos atores sem ele fazem da sua arte a sua profissão.
O DRT serve, praticamente falando, para te abrir as portas. Muitas vezes, para se candidatar a uma vaga em qualquer projeto, há a exigência do DRT, mas não significa que o fato de tê-lo garantirá a sua contratação. É apenas um quesito básico, mas o que será avaliado será o seu trabalho, adequação ao perfil procurado e etc.
Para finalizar o nosso post de hoje fica a reflexão:
As OPORTUNIDADES não aparecem, elas são CULTIVADAS.
Para os próximos posts falaremos dos elementos que compõem o teatro, como iluminação, cenografia, texto, direção, atuação e etc.
*É o resgistro profissional na Delegacia Regional do Trabalho. Há o DRT para várias funções, entre elas a de ator. É o que te torna (aos olhos do governo) um profissional de determinada área, no caso aqui, um ator profissional.